12 Outubro 2015      11:48

Está aqui

DAS MAIORIAS

Podia dizer que os resultados das últimas eleições me surpreenderam mas estaria a mentir.

Contrariamente ao que tenho ouvido e lido por aí, por mais incompreensível que tenha sido o resultado, de mim não ouvirão uma palavra contra os eleitores. Se em tempos critiquei os militantes do PSD e da JSD por chamarem “estúpido” ao “povinho” nas eleições ganhas pelo PS, não é agora que vou mudar de opinião.

Há sim que analisar o que levou a este resultado e o que poderá ser feito para evitar que no futuro venhamos a assistir a resultados semelhantes.

O problema aqui está claramente na estratégia.

Enquanto a direita se coligou em torno de um só partido, a esquerda, mais uma vez, optou por se dividir em partidos e em ataques entre si, dividindo ainda mais os votos dos eleitores.

Enquanto a direita se manteve calada e escondida, a esquerda dividiu-se em ataques entre si, esquecendo que o seu principal inimigo era o Governo e as políticas por este tomadas.

Os resultados estão aí e trouxeram tudo menos a estabilidade.

A coligação não obteve a maioria, tendo esta sido obtida pela esquerda parlamentar que, ao que parece, acordou para a necessidade de se coligar.

Costa já veio dizer que não aceita coligações com a PAF e abriu a porta a negociações com o PCP, tudo em resposta ao acto pouco parcial tomado por Cavaco Silva ao reunir apenas com o líder do PSD.

Neste momento qualquer cenário é possível face à Lei Constitucional. Como já foi admitido pelos vários lados, deverá Governar quem reunir a maior percentagem de votos, traduzida em Mandatos, tal como o próprio Presidente da República veio a admitir.

No entanto, mais do que coligações entre a esquerda ou com concessões à direita, o que importa realmente é que, aquando da formalização do acordo de governo (entretanto já formado por PSD e CDS) deverá ser tida em conta a estabilidade governativa para toda a legislatura que ora se inicia.

O risco de estarmos em eleições daqui a menos de um ano é grande pois, embora tenha ganho as eleições, a coligação não consegue garantir a aprovação de diplomas tão importantes como o Orçamento de Estado.

Todos nós lembramos do chamado “Orçamento Limiano” em que o Governo negociou o único voto que precisava com um deputado, garantindo assim a aprovação do orçamento.

Agora o cenário é bastante diferente. Não basta apenas um voto. O número é bem mais elevado, pelo que será inevitável a formação de uma coligação.

Só assim será possível um cenário de governação estável.

A semana que se inicia será decisiva, com uma nova ronda negocial entre os partidos eleitos.

Acima de tudo, o que não nos podemos esquecer é dos números do desemprego, da pobreza e da educação. Com esses não há negociação possível, têm que baixar, quanto aos primeiros e melhorar quanto ao último.

Medidas e propostas concretas precisam se quer à esquerda quer à direita para que o futuro se possa definir com alguma luz de estabilidade.