29 Outubro 2015      11:05

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AS CRIANÇAS E O BÊ-Á-BÁ DAS EMOÇÕES

“Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens” é uma citação atribuída a Pitágoras, importante filósofo grego fundador de uma escola de pensamento, que viveu cerca de 500 anos a.C. Educar passa não só por ensinar a ter bons modos ou comportamentos que sejam socialmente aceitáveis, como também conhecimentos e competências emocionais e sociais.

Mas como podemos promover o desenvolvimento destas competências nas crianças? Todos sabemos que crianças bem-ajustadas a nível emocional e social criam mais cedo um sentimento de pertença e ligação (sentem que têm significado, que são importantes) mas têm também mais hipóteses de ter sucesso escolar. De pouco adianta tentarmos ensinar uma criança a ler e a contar se o medo que ela sente de falhar ou a falta de confiança nas suas capacidades a bloquearem. Uma criança com confiança e autoestima elevada, que sabe relacionar-se com os outros, aprende a regular o seu comportamento, a resolver conflitos ou trabalhar em equipa.

Não há mezinhas ou receitas que sirvam para todas as crianças mas há dicas que ajudam. Este artigo reúne 10 sugestões que podem desenvolver estas competências nas crianças. Vamos à primeira?

 

- Ensinar a reconhecer as emoções

Quando uma criança se sente frustrada, por exemplo, nem sempre ela tem um nome para atribuir a essa emoção. Ela sente-se zangada, confusa com o que sente (por exemplo quando perde um jogo), mas não sabe que é frustração que está a sentir. Somos nós, adultos, que devemos ajudar as crianças nessa tarefa de dar um nome às emoções, porque só identificando o que elas próprias sentem poderão aprender a reconhecer as emoções alheias e, consequentemente, a colocar-se no lugar dos outros. É a falta de ferramentas para compreenderem o que estão a sentir que leva muitas das vezes a birras e a situações descontroladas.

 

- Comunicar de uma forma eficaz

Às vezes não entendemos muito bem o que as crianças querem comunicar e, por outro lado,  elas também nem sempre compreendem o que nós lhes estamos a transmitir. Supomos que nos compreendemos mutuamente, o que nem sempre acontece. Estas barreiras de comunicação podem levar a mal entendidos. Devemos ouvir ativamente o que as crianças estão a transmitir e sermos claros quando falamos com elas.

 

- Envolver-se nas atividades das crianças

Não há melhor forma de nos aproximarmos das crianças do que partilhar os seus interesses. Brincar, jogar com elas, dançar, ler uma história, fazer desenhos juntos… são atividades que devemos fazer com as crianças sempre que possível. Esses momentos de partilha são oportunidades divertidas para criarmos com elas uma maior conexão.

- Mostrar que os sentimentos e necessidades das crianças são válidos

As crianças precisam de entender que os sentimentos contam, que são importantes, mas ao mesmo tempo compreender que elas não são o centro do mundo. Como elas, há muitas outras crianças que também têm desejos e direitos. Elas ocupam um lugar importante mas é preciso que aprendam a respeitar os outros.

 

- Encorajar as crianças a encontrarem soluções para os seus próprios problemas

Muitas vezes temos vontade de dizer às crianças como devem resolver os seus problemas. Mas quando o fazemos não as estamos a ajudar a ganhar autonomia, independência e confiança nas suas decisões. É por isso que é tão importante direcionarmos a crianças a serem elas a encontrar soluções desde cedo. Um bom método é perguntarmos o que elas acham que resolveria a situação. Decidir leva-as a compreender que têm controlo sobre as suas vidas.

 

- Focar o comportamento que queremos mudar e não a personalidade da criança
Quando uma criança se comporta de uma forma desadequada, devemos sempre manter o foco no comportamento que queremos mudar e não na criança em si. Não devemos dizer “És preguiçoso/a” ou “És má/mau” porque as crianças acreditam no que lhes dizemos e interiorizam as críticas. Ela não é má, o seu comportamento é que pode ser melhorado!

 

- Ajudar a criança a descobrir o que tem de especial
Cada criança é única e especial. Quando uma criança descobre o seu talento sente mais autoconfiança. O talento pode estar ligado à dança ou à música mas nem sempre devemos estar focados no mais óbvio. Saber cuidar de animais ou gostar de ajudar os outros permite às crianças desenvolverem competências sociais e a relacionarem-se melhor com o mundo que as rodeia.

 

- Incentivar o debate e a discussão
As crianças têm de praticar ouvir e falar. Estas oportunidades têm de ser dadas sempre que possível. Devemos incentivá-las a partilhar as suas histórias connosco e a tomarem decisões sobre atividades que as incluam.

 

- Ser um modelo
As crianças imitam os exemplos dos adultos. É importante estarmos atentos aos pormenores porque… elas estão! Uma criança aprende mais depressa a ter bons modos se palavras como “obrigado” ou “se faz favor” fizerem parte do seu dia-a-dia, da mesma forma que aprende que devemos respeitar os outros se vir que os pais ou os adultos que a rodeiam tratam os outros com respeito.

 

- Respeitar a criança
Respeitar a criança, os seus gostos, o seu espaço e o seu próprio ritmo, é respeitar a sua natureza. A criança está aprender aquilo que a experiência de vida nos ensina há muitos anos. Orientá-la nesse caminho, com respeito, amor e dedicação é a chave para criar um ser humano que sabe colocar-se no lugar do outro, que é altruísta e positivo perante os desafios da vida, mesmo nos momentos mais adversos.

 

Susana Pedro, professora e fundadora da Sociedade do Bem

 

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