22 Dezembro 2015      08:50

Está aqui

A QUEDA DE UM BANCO

"A FERRUGEM DO SISTEMA"

Nos últimos anos, temos vindo a assistir, as sucessivas quedas de bancos e banqueiros… os mesmos bancos e banqueiros, que não faz muito tempo, eram dados como exemplo de gestão criteriosa.

Não nos devemos esquecer que o negócio da banca é, por definição, um negocio fiduciário, de confiança… e parece que a confiança tem sido vilipendiada todos os dias, pelas administrações dos bancos, sem accountability (consequência) para aqueles a quem se confia a gestão e guarda do nosso dinheiro.

Soubemos ontem, que vamos (os contribuintes) resgatar um sexto banco, neste caso, Re-resgatar… porque o BANIF já havia sido resgatado. Mais, soubemos que um outro banco (com centro de decisão em Madrid) compra a operação sem “osso”, ou seja, compra barato o filet mignon de um banco em dificuldade… ficando para o contribuinte uma fatura com mais de 10 vezes do que é pago pelo novo proprietário deste banco.

Vamos assistir nos próximos dias/próximas semanas, a uma troca de acusações sobre a responsabilidade de deixar cair um banco, sobre as responsabilidades de “encobrimento” em período eleitoral, e a uma tentativa de queimar em praça pública aquele que tem sido, o já habitual, “responsável” pela situação, ou seja, o regulador e supervisor do sector.

Já vimos que o sector bancário é um bocado como o povo ibérico, do qual os Romanos diziam não se governar, em deixar ser governado. A realidade é uma e só uma… o processo de escrutínio das gestões das instituições e sociedades financeiras é débil, mas a responsabilidade não é solteira, nem apenas cabe ao governador do Banco de Portugal.

Este governador (Carlos Costa) foi nomeado pela mão de um governo PS (em 2010), vindo de instituições como o BEI, foi portanto compagnon de route de alguns dos que estão no actual governo, mas também foi “mantido” pelo governo anterior (PSD), pelo que, quer queiram, quer não, não existem governantes ou ex-governantes impolutos quanto a co-responsabilidade no que se assiste.

Em cima de tudo isto, a banca nacional, também sofre pelo efeito de ter embarcado no desvario que nos levou ao resgate em 2011, afinal foi a banca comercial (os seis bancos resgatados + CGD) que financiava a política de investimento público, bem como as “jogadas” de nomeações “públicas” de ex-governantes para os cargos de administração executiva dos mesmos bancos.

O que se passou no sector bancário não foi mais do que uma cronica de como cair em desgraça… pagando o contribuinte a fatura final, o que nos leva a questão: Até quando vamos aguentar isto?

 

Imagem daqui