8 Maio 2015      19:25

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Carlos Sezões e a Alentejo de Excelência

Nasceu e cresceu em Évora. E quando chegou a hora de decidir o que estudar e para onde ir estudar, preferiu a Gestão de Empresas na Universidade da sua cidade. Quando acabou a licenciatura rumou a Lisboa para trabalhar. Ainda vive e trabalha lá mas não há um único dia que não dedique algum do seu tempo a esta grande região, o Alentejo. Falamos de Carlos Sezões, fundador e presidente da Alentejo de Excelência, que é, como não podia deixar de ser, Made in Alentejo e, não vamos ser indiscretos, benfiquista.

 

Tribuna Alentejo: Nasces em Maio de 1975, cresces e estudas em Évora. Na universidade envolves-te no núcleo de estudantes de gestão (NEEGUE) e depois na Associação de Estudantes (hoje associação académica). Olhares para a região e ela despertar-te atenção aconteceu quando?

Carlos Sezões: As primeiras reflexões sobre a necessidade de estimular a discussão estratégica da nossa região datam de final de 2005, e foram sustentadas num núcleo inicial de meia dúzia de pessoas. Eu e os restantes promotores achámos que seria pertinente a criação de um espaço informal (que com o tempo se materializou numa entidade juridicamente constituída), apartidário e diversificado em termos de experiências e competências dos seus membros.

 

Num jantar de solidariedade organizado pela Alentejo de Excelência.

 

Tribuna Alentejo:  E porque nasce a Alentejo de Excelência?

Carlos Sezões: Todos tínhamos a vontade de criar uma plataforma para reflectir sobre a região e pensar estratégias para o seu futuro. A ideia original foi que a marca adoptada simbolizasse a necessidade de estratégias integradas a longo prazo e a necessidade de construir um cenário, baseado numa visão estratégica a 10/ 20 anos. Daí a marca Alentejo de Excelência.

 

Tribuna Alentejo: Que ligação existe entre o teu percurso profissional e a Alentejo de Excelência a que te dedicas?

Carlos Sezões: A ligação é essencialmente na gestão de capital humano, no desenvolvimento de competências como liderança e gestão e na promoção da empregabilidade e do empreendedorismo.

 

Numa conferência do Fórum Alentejo, em 2011.

 

Tribuna Alentejo: A Alentejo de Excelência tem uma missão. Qual é?

Carlos Sezões: A Alentejo de Excelência pretende promover o conhecimento e o debate sobre as questões estruturantes da Região. Pretendemos contribuir para o desenvolvimento de estratégias de médio / longo prazo para o Alentejo, através da Participação Cívica, Conhecimento, Inovação, Competências, capacidade de Comunicação e Mobilização de vontades e esforços.

Em concreto, temos como objectivos promover o debate e o conhecimento das questões estratégicas do desenvolvimento junto da população do Alentejo, facilitar consensos e influenciar decisores sobre as opções estruturantes da região, desenvolver competências de futuros quadros, dirigentes e gestores, contribuindo para um melhor aproveitamento das vantagens competitivas da região e promover a consciência social, mobilizando a sociedade para uma atitude mais solidária.

 

Num debate sobre Agricultura com Luís Capoulas (ex-governador civil de Évora e António Serrano, então Ministro da Agricultura).

 

Tribuna Alentejo: E como funciona a Alentejo de Excelência?

Carlos Sezões: Temos uma direcção de 9 pessoas, multidisciplinar, das mais variadas áreas de formação e profissões (empresariais, académicas, associativas) ; dividimo-nos por projectos. As nossas 3 grandes áreas, nas quais temos uma actividade regular anual são o Fórum Alentejo, onde já organizámos mais de uma dezena de conferências, tendo o Alentejo como pano de fundo. Turismo, Inovação, Cultura, Agricultura, Empresas, Mercado de Trabalho, Emprego, Economia Social, Investimento, Cidades, são alguns dos temas que já trabalhámos.                                                                               

Depois temos o EmpreendAlentejo, um projecto formativo orientado aos desafios que os jovens que enfrentarão no acesso ao mercado de trabalho - focado no Empreendedorismo e nas competências para a Empregabilidade, que é aplicado em parceria com escolas e instituições de ensino superior.

 E por fim do DAR Alentejo que consiste em iniciativas de apoio a instituições de solidariedade social no Alentejo – jantares solidários, acções de voluntariado, campanhas de angariação de fundos.

Enfim, começámos como movimento informal desde 2006, evoluímos para associação em 2008. Começámos a fazer conferências, workshops, grupos de trabalho, a debater a região e a emitir propostas concretas. A partir de 2011, resolvemos que era importante dar o exemplo e “meter as mãos na massa” pelo que enveredamos pelos projectos de formação sobre empregabilidade e empreendedorismo e de solidariedade social.

 

Público numa conferência do Fórum Alentejo em 2010.

 

Tribuna Alentejo: Na vida profissional encontras ligação à tua vida associativa? São díspares ou convergentes?

Carlos Sezões: Sim, existe um “fio condutor” nas questões do capital humano, do desenvolvimento de competências de liderança e gestão e na promoção do empreendedorismo e da empregabilidade.

 

Em ambiente profissional numa conferência sobre Recursos Humanos.

 

Tribuna Alentejo: A região tem muito potencial mas também tem algumas fragilidades. Que dificuldades sentes na Região e no País?

Carlos Sezões: Dificuldades ao nível das mentalidades: uma certa aversão ao risco, ao que é novo, à capacidade de mudar e um menosprezo pelas enormes vantagens competitivas do País e da Região. O que pode ser feito é a criação de estímulos diversos (formação, educação, fiscalidade, reconhecimento social) para que as pessoas utilizem plenamente as sua capacidades de inovação.

Temos vantagens competitivas fantásticas em áreas diversas. Os sectores em que temos cartas para dar são mais que óbvios: na agricultura, na agro-indústria, nos produtos regionais/ tradicionais, na revitalização do património, no turismo cultural e natural, bem como em alguns nichos industriais que podem ser alavancados pela presença de grandes empresas.

Depois, outros menos óbvios, mas pertinentes pela sua independência da geografia como variável crítica: as tecnologias e informação e outros sectores digitais, muitos deles assentes em teletrabalho, podem aqui instalar-se e florescer. O que cada um deve fazer é  pensar o que podemos VENDER lá para fora, saindo dos nossos reduzidos mercados regional (500 mil pessoas) ou nacional (10 milhões) e olhando para o mundo como o nosso campo de acção.

 

Nota do Tribuna Alentejo: A Associação Alentejo de Excelência é parceira da próxima iniciativa Open Coffee Alentejo, que junta empresários, empreendedores, investidores e gente com ideias. O evento é aberto mas obriga a inscrição, que pode ser feita aqui e decorre em Évora, no próximo dia 15 de Maio.

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